Frameworks de Go-to-Market (GTM): Como as Empresas Crescem
Entenda como escolher e aplicar estratégias de GTM que realmente funcionam, evitando armadilhas comuns e desperdício de recursos
Todo mundo já ouviu aquela história: uma empresa desenvolve um produto incrível, investe milhões... e fracassa na hora de chegar ao mercado.
É como ter todas as peças de uma orquestra de primeira linha, mas cada músico tocando sua própria música - não importa quão talentosos sejam individualmente, sem harmonia o resultado é caótico.
O que é o Go-to-Market (GTM)?
O Go-to-Market (GTM) é uma abordagem holística que integra marketing, vendas e customer success para criar uma experiência conectada ao levar um produto ao mercado. É uma estratégia iterativa onde todas as áreas trabalham de forma coordenada para garantir que o cliente atinja seus objetivos de negócio no tempo desejado, transformando isso em receita recorrente. O GTM moderno vai além do simples lançamento de produtos, sendo um processo contínuo de otimização e evolução.
Por que GTM importa tanto?
Já presenciou aquela cena clássica? A startup tem um PowerPoint lindo sobre GTM, mas na prática... o caos reina. O time de vendas não se entende com o marketing, leads se perdem no processo, e todo mundo tem aquela sensação de "tem algo errado, mas não sei bem o quê".
Sem um GTM bem estruturado, três problemas costumam aparecer:
Desperdício de recursos: Como investir em eventos caros ou canais de aquisições que não geram resultados.
Vendas sem critério: Fechar contratos só pela meta, mesmo sabendo que o cliente não é ideal.
Falta de foco: Quando a empresa tenta atender todo mundo e acaba não atendendo ninguém direito.
Frameworks principais: qual escolher?
Uma metodologia detalhada para vendas e crescimento, criada pela Winning by Design, empresa fundada por Jacco van der Kooij. Seus frameworks incluem GTM Canvas e Bowtie Funnel, ajudando a estruturar processos de vendas previsíveis e escaláveis.
Recomendado para: Empresas que precisam estruturar um processo de vendas previsível e escalável.
Modelo de execução para estratégias comerciais, integrando processos, métricas e previsibilidade de receita. Fortemente alinhado a práticas de Revenue Operations (RevOps), ajuda empresas a escalarem de forma sustentável, garantindo que marketing, vendas e sucesso do cliente estejam bem coordenados.
Recomendado para: Empresas que tomam decisões baseadas em dados sólidos e buscam escalabilidade.
Baseada no livro "A Meta", de Eliyahu Goldratt, essa metodologia ajuda a identificar e eliminar gargalos no processo comercial. Em vez de otimizar tudo ao mesmo tempo, foca nos pontos críticos que realmente limitam o crescimento.
Recomendado para: Empresas que sabem que têm um problema, mas não conseguem identificar exatamente onde.
Baseado no livro "Revenue Architecture" de Jacco van der Kooij, fundador da Winning by Design, esse framework integra marketing, vendas e sucesso do cliente em um sistema estruturado para crescimento previsível. Ele fornece uma abordagem detalhada para cada etapa do processo de geração de receita, permitindo que empresas SaaS criem um modelo escalável e eficiente.
Recomendado para: Empresas SaaS que querem uma visão completa e estruturada do processo de crescimento.
Modelo desenvolvido pela Forrester Research, que expande o tradicional funil de marketing e vendas, ajudando empresas B2B a entenderem melhor suas métricas de conversão e previsibilidade de receita. Ele fornece um fluxo detalhado para maximizar conversões e receita ao longo do ciclo de vendas.
Recomendado para: Empresas SaaS que querem um framework detalhado para escalar sua receita de forma previsível.
Como medir se está dando certo? Independente do framework escolhido, alguns números não mentem:
Retenção: Quanto seus clientes ficam com você (GRR) e quanto eles crescem com você (NRR)
Engajamento: Se as pessoas realmente usam seu produto (MAU) e como elas aproveitam as funcionalidades
Retorno: Se você está gastando bem seu dinheiro para conseguir clientes (CAC) e quanto valor eles trazem no longo prazo (CLV)
Um dado interessante: segundo a pesquisa
ICONIQ Growth & Efficiency 2024, as empresas SaaS que mais crescem e chegam a $100M em receita têm uma taxa de retenção líquida entre 115% e 120%. E com a chegada da IA, alguns especialistas começam a falar que a tradicional "Regra dos 40" pode virar "Regra dos 60" nos próximos anos.
Acompanhar esses números regularmente ajuda a identificar problemas antes que eles cresçam demais e permite ajustar a estratégia quando necessário.
O que está mudando no GTM?
Inteligência Artificial a IA: está transformando a maneira como as empresas abordam o GTM. Times de SDR e Customer Success que já adotaram ferramentas de IA relatam ganhos de produtividade entre 25% e 75%.
Mas vamos ser realistas: a pesquisa da ICONIQ Growth mostra que ainda é cedo para ver resultados concretos na maioria das empresas. O potencial está principalmente em três áreas:
Prospecção mais inteligente
Automação do atendimento
Análise preditiva do comportamento dos clientes
RevOps (Revenue Operations): Imagine ter todas as operações relacionadas à receita sob um mesmo guarda-chuva. É isso que o RevOps propõe, e não é por acaso que as empresas SaaS que crescem mais rápido já adotaram essa prática.
O estudo da ICONIQ confirma: empresas com RevOps bem implementado conseguem:
Prever melhor sua receita
Ter um retorno mais rápido do investimento em aquisição de clientes
Manter seus times mais alinhados
Casos práticos interessantes
Algumas empresas estão se destacando na implementação de GTM:
A Take Blip transformou sua operação ao implementar o Modelo Bow Tie da Winning by Design, estabelecendo uma linguagem unificada entre todos os departamentos e métricas consistentes para mensuração de resultados. Esta mudança estratégica permitiu que a empresa evoluísse de uma equipe de vendas inicial para uma estrutura profissional e escalável, resultando em um crescimento expressivo: 247% em oportunidades, 298% em vendas fechadas e 300% em contratos assinados.
A Embraer destaca-se como referência na aplicação da Teoria das Restrições no Brasil. A fabricante de aeronaves utilizou a metodologia para otimizar seus processos de produção, identificando e gerenciando seus principais gargalos operacionais. A implementação desta abordagem permitiu à empresa melhorar significativamente sua gestão operacional, reduzir estoques em processo e aumentar sua produtividade, consolidando sua posição como uma das principais fabricantes de aeronaves do mundo.
O Nubank transformou sua operação ao implementar o RevOps, integrando vendas, marketing e sucesso do cliente em uma única plataforma de dados. Esta mudança estratégica permitiu que a fintech gerenciasse melhor seu rápido crescimento, resultando em um aumento de 30% na retenção de clientes e redução de 20% no custo de aquisição (CAC). A centralização das operações proporcionou uma visão unificada da jornada do cliente e melhor execução das estratégias de retenção e expansão.
Para fechar
A realidade é que não existe receita mágica para GTM. O que existe são práticas comprovadas e dados concretos. A pesquisa da ICONIQ Growth & Efficiency 2024 é clara: as empresas que mais crescem são aquelas que encontraram seu próprio caminho, mantendo o foco em eficiência operacional e satisfação do cliente.
Três pontos para levar com você:
Não existe um framework perfeito - existe o que funciona para sua empresa
Métricas são importantes, mas precisam fazer sentido para seu momento
Novas tecnologias são interessantes, mas o básico bem feito ainda faz a diferença
O que você acha? Já implementou algum desses frameworks? Compartilhe sua experiência nos comentários!
🔔 Quer receber mais conteúdo sobre estratégias de crescimento e inovação? Assine nossa newsletter!
Referências e insights de Giovanni Salvador sobre Go-to-Market e crescimento sustentável. Giovanni tem contribuído significativamente para o entendimento prático de GTM no mercado brasileiro, trazendo uma visão que combina experiência internacional com a realidade local.